Bom, primeiramente calma, pois se este exame é um anti-HCV reagente, ele indica contato com a doença, mas não necessariamente sua presença. Assim, vamos entender um pouco da Hepatite C para saber quais os próximos passos.
A Hepatite C foi descoberta apenas em 1989, sendo que os pacientes que buscavam atendimento médico antes desta data muitas vezes eram chamados como portadores de Hepatite Não-A Não-B. Hoje sabemos que o vírus da hepatite C (RNA vírus) possui 6 subtipos ou genótipos, os quais podem ter comportamentos diferenciados no organismo do ser humano. Estima-se que cerca de 3% da população mundial possui esta doença, a qual gera em média um total de 700.000 óbitos ao ano.
A grande dificuldade diagnóstica é que o fígado sofre de forma silenciosa e a imensa maioria dos pacientes não possui nenhum sintoma. Assim, muitos nem sabem que estão doentes! E mais, esta doença silenciosa possui tendência à evolução para a Cirrose Hepática e o Câncer de Fígado (Hepatocarcinoma). Isso é tão importante que hoje a Hepatite C Crônica é a causa mais comum de Cirrose Hepática nos pacientes que estão nas filas de Transplante de Fígado de todo mundo!
A forma de aquisição da doença pode ser por transfusão de sangue antes de 1993, uso de drogas ilícitas injetáveis, acidentes perfurocortantes, hemodiálise, relações sexuais (mais raros, mas possível), de forma vertical (da mãe para o filho), além de outras formas percutâneas. No entanto, algumas vezes não se detecta a forma como o paciente adquiriu esta infecção.
De todos os pacientes infectados, em média 15 a 20% conseguirão a cura espontânea (sem tratamento medicamentoso). Assim, a grande maioria (80 a 85%) permanece com o Vírus C e desenvolve a Hepatite C Crônica.
A forma de rastreio desta doença deve ser feita com o exame de sangue chamado Anti-HCV. As sociedades médicas recomendam que todas as pessoas com 40 anos ou mais realizem este exame, pelo menos uma vez na vida, independente de terem ou não algum sintoma. Caso o exame anti-HCV venha reagente, este resultado indica que a pessoa já teve contato com o vírus da Hepatite C. Para sabermos se a doença foi embora (isto é, se a pessoa curou) ou se a doença ficou (isto é, se a pessoa está com a Hepatite C Crônica), recomenda-se no Brasil que se feito o exame chamado HCV-RNA Quantitativo, também conhecido como PCR para Hepatite C Quantitativo.
Nos pacientes com Hepatite C Crônica teremos o HCV-RNA Quantitativo detectado e com a determinação da carga viral (o resultado do exame traz o número de cópias de vírus por mililitro de sangue ou em unidades internacionais no seu laudo). Já naqueles com o resultado “não detectado”, a tendência é considerar que este paciente tenha curado a doença. Mas todo caso merece muita cautela. Isso porque o médico deve estar atento para o limite de detecção do exame de HCV-RNA Quantitativo, pois um resultado não detectado pode apenas indicar uma carga viral abaixo deste limite de leitura do teste.
Para determinação da agressão causada pelo vírus C no fígado nos casos de Hepatite C Crônica e as indicações de tratamento, é necessário que o paciente procure atendimento especializado para condução adequada do seu caso.
