A doença do aparelho digestivo que mais tende a causar a sensação de “boca amarga” ou “azeda” é a Doença do Refluxo Gastroesofágico, também conhecida pelos pacientes como “Refluxo”.
A Doença do Refluxo Gastroesofágico é uma condição na qual o ácido do estômago consegue refluir para o esôfago, podendo atingir a parte posterior da laringe e até a boca. Os sintomas mais característicos são a azia (sensação de queimação no meio do tórax) e a regurgitação alimentar (sensação de retorno da comida ou do suco gástrico para a boca, que tende a fazer o paciente a engolir novamente). No entanto, outros sintomas também podem ser encontrados, como: tosse seca, rouquidão, pigarro, sensação de afogamento, aftas na boca, sensação de “boca amarga” e até desgaste do esmalte dentário.
Por ser uma doença crônica muito comum, já se documentou que pacientes com Doença do Refluxo Gastroesofágico podem ter redução da qualidade de vida, o que traz grande importância para esta doença. Seu diagnóstico se baseia muito em uma boa conversa clínica e exame físico detalhado do paciente. Assim, nem sempre a Endoscopia Digestiva Alta precisa ser solicitada já na primeira consulta. Isso dependerá da idade do paciente, das características dos sintomas, bem como das doenças associadas ao quadro clínico. Essa consideração é também válida para os exames de manometria esofageana e pHmetria esofageana de 24 horas.
Em relação ao tratamento, é importante lembrar que o remédio usado de forma isolada não fará “milagres”! A mudança no estilo de vida é essencial e os hábitos devem ser revistos. Assim, o paciente deve buscar:
• fazer mais refeições ao dia em menor quantidade
• comer devagar e mastigar bem os alimentos
• não deitar até 2 horas após se alimentar
• evitar alimentos que possam desencadear o refluxo (o médico poderá ajudar nesta
identificação)
• praticar atividades físicas e buscar a perda de peso
A dica é: somos o que comemos e da forma que comemos!
Há obviamente uma parcela de pacientes que apesar de todas estas mudanças necessitarão de acompanhamento médico contínuo e de medicação por um tempo mais prolongado. Para saber qual seu padrão clínico é necessária a avaliação clínica.